A proteção dos consumidores na seara dos ativos virtuais (criptomoedas/bitcoins) diante da edição da Lei 14.478/2022 e do Dec. 11.563/2023:

a necessária efetividade em compasso com a boa-fé consagrada no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor

Autores

  • Joseane Suzart Lopes da Silva Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Palavras-chave:

Ativos virtuais, Consumidores, Boa-fé, Código Civil, Código de Defesa do Consumidor

Resumo

Trata o presente artigo sobre a edição da Lei Federal 14.478/2022 e do Dec. 11.563/2023, que a regulamentou, com vistas a disciplinar a disponibilização de ativos virtuais no mercado. O problema de pesquisa circunscreve-se à indagação acerca da necessária efetividade dos referidos conjuntos normativos no que concerne à proteção dos consumidores. Questiona-se, em sede de hipótese central, se o Banco Central do Brasil, na condição de encarregado de disciplinar a temática e de fiscalizar o setor, dispõe de estrutura satisfatória para o cumprimento de tal mister. Na primeira parte, constam observações acerca da definição das intituladas criptomoedas e dos requisitos necessários para se obter autorização para a sua oferta pelos agentes operadores, bem como a situação dos investidores. Em seguida, aborda-se a atuação da autarquia reguladora e as principais funções a serem exercidas, transpondo-se, após, a explanação para as regras de natureza penal contidas no diploma normativo em análise. Culmina-se a exposição com a análise da boa-fé objetiva, consagrada no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor, como fundamental parâmetro norteador. Conclui-se que não obstante o avanço legislativo, a proteção dos consumidores pressupõe uma atuação coesa do referido ente com o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALPA, Guido. Finalità el oggetto della legge (art. 1). In: ALPA, Guido; LEVI, Vanna. (Ed.). I Diritti dei Consumatori e degli Utenti. Milano: Dott. A Giuffrè Editore, 2001.

AMATO, Fábio. Operações com criptomoedas mais que dobram e atingem R$ 200,7 bilhões em 2021, diz Receita. G1, Economia, 17 fev. 2022.

AMMOUS, Saifedean. Economics beyond financial intermediation: digital currencies possibilities for growth. The Journal of Private Enterprise, v. 30, p. 19-50, 2015.

ANDERSON, Andreas. Criptocurrencies. Wisconsin: Pubish Drive, 2017. ANTONOPOULOS, Andreas. Mastering Bitcoin. 2. ed. O’Riley media, 2017.

BARCELLONA, Pietro. Intervento statale e autonomia privata nella disciplina dei rapporti economici. Milão: Dott. A. Giuffrè Editore, 1969.

BARENGHI, Andrea. Diritto dei consumatori. Milano: Wolters Kluwer Italia, 2018.

BECKER, Michael. Der unfaire Vertrag. Tübingen: Mohr, 2003.

BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Ativos digitais e lavagem de dinheiro – Parte 2. Revista Consultor Jurídico, 2022.

BOURI, Elie et al. Bitcoin and global financial stress: a copula-based approach to dependence and causality in the quantiles. Quarterly Review of Economics and Finance, v. 69, p. 297-307, 2018.

BÜLOW, Peter; ARTZ, Markus. Verbraucherprivatrecht. Heidelberg: C. F. Müller, 2003.

CALLEGARI, André Luís; LINHARES, Raul Marques. A nova Lei dos Criptoativos e a lavagem de dinheiro. Revista Consultor Jurídico, 2022.

CAMPBELL-VERDUYN, Malcolm. Bitcoin, crypto-coins, and global anti-money laundering governance. Berlin: Springer Nature, 2018.

CHUEN, David Lee Kuo (Ed.). Handbook of digital currency: Bitcoin, innovation, financial instruments, and big data. Academic Press, 2015.

CIAIAN, Pavel; RAJCANIOVA, Miroslava; KANCS, D’Artis. The digital agenda of virtual currencies: can bitcoin become a global currency? Information Systems and e-Business Management, v. 14, p. 883-919, 2016.

COSTA, Isac. Eficácia ineficaz: a Lei 14.478 entrará em vigor sem relevância prática. Revista Consultor Jurídico, 31 maio 2023.

COUTO E SILVA, Clóvis Veríssimo do. A obrigação como processo. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2011.

DYHBERG, Anne Haubo; FOLEY, Sean; SVEC, Jiri. How investible is bitcoin? Analyzing the liquidity and transaction costs of bitcoin markets. Economics Let- ters, v. 171, p. 140-143, out. 2018.

ESSER, Joseph. Elementi di diritto naturale nel pensiero giuridico dogmático. Nuova Rivista di Diritto Commerciale, V, 1952.

ESSER, Joseph. Principio y norma en la elaboración jurisprudencial del derecho privado. Trad. Eduardo Valintí Fiol. Barcelona: Bosch, 1961.

FERRI, Luigi. La autonomía privada. Trad. Luis Sancho Mendizabal. Madrid: Editorial Revista de Derecho Privado, 1969.

GHESTIN, Jacques. L’utile et le juste dans le contrat. Recueil Dalloz, Paris, Dalloz, 1º caderno, Chronique, 1962.

GHESTIN, Jacques. Les recommandations de la Comission, in la protection des consommateurs contre les clauses abusives. Revue de la concurrence et de la con- sommation, 1998.

GHESTIN, Jacques; MARCHESSAUX, I. L’élimination des clauses abusives enn droit français à l’épreuve du droit communautaire. REDC, 1993.

GRUNDMANN, Stefan. A proteção funcional do consumidor – Novos modelos de consumidor à luz de teorias recentes. Revista de Direito do Consumidor, v. 101, p. 17-42, 2015.

HAMMEN, Horst. Consumidores, investidores privados e não-profissionais: cem anos de proteção dos mais fracos no Direito alemão. Revista de Direito do Consumidor, v. 72, p. 123-148, 2009.

HAYES, Adam. Bitcoin price and its marginal cost of production: support for a fundamental value. Applied Economics Letters, v. n. esp., p. 1-7, 2018.

HENDRICKSON, Joshua; HOGAN, Thomas; LUTHER, William. The political eco- nomy of bitcoin. Economic Inquiry, v. 54, n. 2, p. 925-939, 2016.

HOUBEN, Robby; SNYERS, Alexander. Cryptocurrencies and blockchain: Legal context and implications for financial crime, money laundering and tax evasion. University of Antwerp, Research Group Business & Law, 2018.

IRTI, Natalino. Scambi senza accordo. Rivista Trimestrale di Diritto e Procedure Civile, v. 52, p. 347-364, 1998.

ITURRASPE, Jorge Mosset. Defensa del consumidor. 2. ed. Buenos Aires: Rubinzal-Culzoni Editores, 2003.

JAUERNIG, Othar.; MANSEL, Heinz-Peter. et al. Bürgerliches Gesetzbuch. 11. ed.

Munique: Beck, 2004.

KLOEPFER, Michael. Informationsrecht. Munique: Beck, 2002.

LARENZ, Karl. Derecho Justo. Fundamentos de Ética Jurídica. Madrid: Civitas, 1985.

LORENZETTI, Ricardo Luis. La Relación de Consumo. In: LORENZETTI, Ricardo Luis; SCHÖTZ, Gustavo Juan (Coord.). Defensa del consumidor. Buenos Aires: Editorial Ábaco de Rodolfo Depalma, 2003.

MARQUES, Claudia Lima et al. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 7. ed. São Paulo: Ed. RT, 2021.

MAZEAUD, Denis et al. Loyauté, solidarité, fraternité: la nouvelle devise contractuelle? Paris: Dalloz, 1999.

MICKLITZ, Hans-Wolfgang; REISCH, Lucia A. et al. Verbraucherrecht 2.0. Baden-Baden: Nomos, 2017.

MICKLITZ, Hans-Wolfgang; PALKA, Przemysław; PANAGIS, Yannis. The Empire Strikes Back: Digital Control of Unfair Terms of Online Services. Journal of Con- sumer Policy, v. 40, n. 3, p. 367-388, 2017.

MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: Ed. RT, 2020. MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Código de Defesa do Consumidor. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009.

MORELLO, Augusto Mario. El acceso del consumidor a la justicia. In: STIGLITZ, Gabriel (Dir.). Reglas para la Defensa de los Consumidores y Usuarios. Buenos Aires: Editorial Juris, 2000.

NAKAMOTO, Satoshi. Bitcoin: a peer-to-peer electronic cash system. Bitcoin.org, 2008.

NIPPERDEY, Hans Carl. Soziale Marktwirtschaft und Grundgesetz. Köln: Heymann, 1961.

OPPO, Giorgio. Desumanizzzazione del contrato? Rivista de Diritto Civile, v. 44, n. 5, p. 525-533, 1998.

OSSOLA, Federico; VALLESPINOS, Carlos Gustavo. La obligación de informar. Córdoba: Advocatus, 2001.

PETERS, Gareth; PANAYI, Efstathios; CHAPELLE, Ariane. Trends in cryptocurrencies and blockchain technologies: a monetary theory and regulation perspective. 2015.

PLATT, Stephen. Capitalismo criminoso: como as instituições financeiras facilitam o crime. Trad. Celso Roberto Paschoa. São Paulo: Cultrix, 2017.

RAISER, Ludwig. Il futuro del diritto privato in il compito del diritto privatto. Trad. Marta Graziadei. Milão: Giuffrè, 1990.

REICH, Norbert. A crise regulatória: ela existe e pode ser resolvida? In: MATTOS, Paulo (Coord.). Regulação econômica e democracia: o debate europeu. São Paulo: Singular, 2006.

REICH, Norbert. Algumas proposições para a filosofia da proteção do consumidor. In: MARQUES, Claudia Lima; MIRAGEM, Bruno (Org.). Doutrinas essenciais: direito do consumidor. São Paulo: Ed. RT, 2011.

REICH, Norbert. Mercado y derecho. Barcelona: Ariel, 1985.

REICH, Norbert; NORDHAUSEN, Annette. Verbraucher und Recht im elektronis- chen Verkehr. Baden-Baden: Nomos, 2000.

REICH, Norbert. Product safety and product liability. In: COSSU, Cipriano (Ed.). L’attuazione della direttiva comunitaria sulla responsabilità del produttore. Milano: Cedam, 1990.

RIBEIRO, Joaquim de Souza. Direito dos contratos. Coimbra: Coimbra Ed., 2007. ROHRLICH, Michael. Verbraucherrechte beim Onlineshopping. entwickler.press,2017.

SACCO, Rodolfo. La buona fede nella teoria dei fatti giuridici di diritto privato. Torino: SPE, 1949.

SCHAPP, Jan. As fronteiras da liberdade. In: GRUNDMANN, Stefan et al. Direito privado, Constituição e fronteiras. São Paulo: Ed. RT, 2014.

SCHREIBER, Klaus. Dienstvertrag und ähnliche Verträge. In: SHULZE, Reiner (Ed.). Bürgerliches Gesetzbuch. 10. ed. Baden-Baden: Nomos, 2019.

SILVA, Mariana Maria. Valor de mercado das criptomoedas volta a US$ 1 trilhão. Revista Exame, Future of Money, 26 out. 2022.

SIMITS, Konstantin. Verbraucherschutz. Baden-Baden: Nomos, 1976.

SOUZA, Murilo. CPI das Pirâmides Financeiras conclui trabalhos sugerindo 4 pro- jetos de lei e 45 indiciamentos. Câmara dos Deputados, 09 out. 2023.

STAUDINGER, Ansgar. Article 29A EGBGB: a further chapter in the German history on international consumer protection law. Rivista di Diritto Internazionale Privato e Processuale, v. 36, n. 4, p. 967-980, 2000.

STAUDINGER, Ansgar. et al. Recht der Schuldverhältnisse. In: SCHULZE, Reiner (Schrifleitung). Bürgerliches Gesetzbuch. Handkommentar. 10. Auflage. Baden-Baden: Nomos Verlagsgesellschaft, 2019. p. 279-1454.

STAUDINGER, Julius von . Kommentar zum Bürgerlichen Gesetzbuch mit Einführungsgesetz und Nebengesetzen, 12. ed. zweies Buch, Rechr der Schuldverhält- nisse. Berlin, 1983.

STAUDINGER, J. von. Kommentar zum Bürgerlichen Gesetzbuch mit Einführungsgesetz und Nebengesetzen. 12. ed. Berlin, 1983.

STOFFEL-MUNCK, Philippe. L’Abus dans le Contrat. Paris: L.G.D.J, 2000.

TIWARI, Aviral Kumar et al. Informational efficiency of bitcoin – an extension. Economics Letters, v. 163, p. 106-109, fev. 2018.

ULLREICH, Stefan. Der Verbrauchervertrag. Wien: Österreich Verlag, 2016.

VON HIPPEL, Eike. A proteção do consumidor-comprador. Trad. Claudia Lima Marques. Revista de Direito do Consumidor, v. 1, p. 7-15, 1992.

VON HIPPEL, Eike. Verbraucherschutz durch Information? Zeitschrift für Europa- recht, Internationales Privatrecht und Rechsvergleichung, v. 19, p. 100-115, 1978.

VON HIPPEL, Eike. Verbraucherschutz. 2. ed. Tubingen: Mohr, 1979. WITKER, Jorge. Como elaborar una tesis en derecho. Madrid: Civitas, 1985.

Downloads

Publicado

2025-05-13

Como Citar

SILVA, Joseane Suzart Lopes da. A proteção dos consumidores na seara dos ativos virtuais (criptomoedas/bitcoins) diante da edição da Lei 14.478/2022 e do Dec. 11.563/2023: : a necessária efetividade em compasso com a boa-fé consagrada no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor. Revista de Direito Civil Contemporâneo , [S. l.], v. 41, n. 11, p. 133–157, 2025. Disponível em: https://www.ojs.direitocivilcontemporaneo.com/index.php/rdcc/article/view/1556. Acesso em: 20 maio. 2025.

Edição

Seção

Doutrina Nacional